domingo, 17 de março de 2013

Um outra visão sobre o Comércio de Rua

Caros amigos,

Tenho observado nestes últimos dias o debate que vem se desenvolvendo acerca do “problema dos camelôs” de Sete Lagoas.

Como cidadão, tenho o dever de expor meu posicionamento e tentar contribuir para um debate mais claro sobre uma oportunidade que vem sendo trata como problema. 

A questão do comércio de rua é mais do que uma questão social. Envolve também uma realidade econômica.


Da mudança no Mercado de Trabalho


Com a revolução industrial, a tarefa de transformação deslocou-se da atividade manufatureira para a industrial e com isso requereu a transferência da mão de obra do campo e artesãos. 

Porém com a revolução tecnológica no mundo pós 2ª Guerra Mundial, a demanda por trabalhadores na indústria e agricultura vem diminuindo a cada geração.

Isso ocorre em virtude da robotização nas fábricas e mecanização no campo, sendo que em Sete Lagoas esse fator é muito mais intenso.

A indústria do Gusa, que sempre absorveu milhares de trabalhadores com baixa escolaridade, vem perdendo espaço e importância econômica para a industria de transformação que exige alta qualificação e pouca mão de obra.

Porém para se qualificar um trabalhador para atender as novas indústrias que chegam em nossa cidade é preciso vários anos de estudos e qualificação, o que gera um novo desafio.

O mundo tecnológico e a escassez de tempo


Quanto mais a tecnologia avança, maior a agregação de valor aos produtos, mercadorias e serviços. 

Isso leva a um maior grau de exigência para com os trabalhadores. Não basta somente a formação em um curso de nível tecnológico ou superior, a cada dia que passa é demandado pós-graduações e cursos de aperfeiçoamento.

Aliado a esse fator, temos a inserção da mulher no mercado de trabalho como busca pela sua plena emancipação e para contribuir na manutenção do lar.

Temos também a situação que quanto mais uma cidade cresce, maior será o tempo de deslocamento entre o trabalho e a casa.

Então, se somarmos o tempo gasto com qualificação que ocorre geralmente fora do horário de expediente, 
aliada ao fato que toda a família se vê inserida no mercado de trabalho, bem como a dificuldade de transitar no meio urbano, temos um cenário onde a “nova família” recebe mais, porém tem menos tempo para, por exemplo, “almoçar e jantar em casa”.

O mesmo equivale para tarefas simples como pintar uma parede, arrumar uma rede elétrica, encanamentos, etc.

O crescimento do setor de serviços como futuro do mercado de trabalho


Com cada vez menos tempo para as atividades do cotidiano, aumenta a demanda pelos prestadores de serviço, nas mais diversas áreas e seguimentos. 

Isso ocorre na volta do serviço para casa, na família do José, que é gerente de uma fábrica e compra sanduiche para ele, a esposa e filhos no drive-thru do MC Donald, passando pelo Busu que é advogado e compra um macarrãozinho na chapa no “Point do Baixinho” para ele e sua esposa, passando pelo Francisco que é jardineiro em uma fábrica e compra um cachorro quente para sua esposa e filha na esquina do quarteirão. 

Isso ocorre porqueo José está fazendo um curso de Controle de Qualidade, o Busu está fazendo um curso de pós em Direito e o Francisco está completando seus estudos, sendo que naquele dia de curso, eles e suas esposas não tem tempo para ir ao supermercado, comprar os produtos e gastar quase 2 horas cozinhando.

A nova e já consolidado dinâmica social, exige o uso sistemático da tecnologia nos meios produtivos, aumentando o padrão de exigência social, cultura e educacional. 

Com isso surge uma oportunidade para a mão de obra excluída pelos processos tecnológicos da modernidade.

Do problema à oportunidade 

Então para aqueles que enxergam o comércio de rua como um problema, eu vejo uma oportunidade de inclusão social e econômica.

Conheço várias pessoas que conseguiram criar suas famílias, financiar sua casa e carro através da venda de produtos alimentícios.

A grande questão que o comerciante regularmente estabelecido reclama e com razão é a discrepância entre as condições de exigência feitas pelo poder público.

É preciso valer para ambos os padrões sanitários, tributários e de segurança para com consumidor.

Ao comerciante de rua é preciso comprovar a origem de seu produto, mesmo que seja apenas uma nota de supermercado, bem como que o mesmo tenha condições de manuseá-los sem colocar em perigo a saúde pública.

Além disso, o espaço público deve ser pago através de taxas compatíveis com a condição econômica e da atividade desenvolvida.

Também devem ser respeitados os direitos dos pedestres ir e vir, proibindo o uso de estruturas que bloqueiem a passagem do cidadão.

Sou absolutamente contra qualquer tipo de venda de produto ilegal ou sem nota fiscal, como por exemplo, brinquedos paraguaios ou camisetas importadas a custo de banana.

Por fim envolve a questão da legalidade e transparência na concessão das autorizações, evitando corrupção ou tráfico de influência.

Sendo assim e atendendo todos os pontos colocados, a questão do comércio de rua pode ser uma alternativa econômica para a população excluída do processo produtivo desde que dentro das mesmas regras para o comércio tradicional e em espaços dignos para o consumidor.

Dizer que “os custos da minha atividade são maiores e isso não é justo” não serve de parâmetro uma vez que nos dias de chuva e frio, o comerciante regularmente estabelecido tem completa vantagem.

Como resolver a questão legal 

Sugiro em primeiro lugar aprovar uma lei que substitua a atual que proíba o comercio ambulante em Sete Lagoas. 

Nessa nova lei pode tomar como base a lei que criou o programa “Empresa Bacana” na cidade do Rio de Janeiro, que tirou da ilegalidade vários comerciantes populares e criou limites a comercialização de alguns produtos, levando em consideração inclusive as áreas da cidade. Aqui está um das suas ações: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-id=3298830



Esse programa trabalha inclusive com o treinamento dos comerciantes nas questões alimentícias e apoio nas tributárias. 

Por uma cidade mais justa e Democrática 

Por fim faço meu apelo ao Poder Público que trabalhem em um solução democrática que atenda a todos os lados, principalmente aos pais de família que precisam ter sua renda garantida e a comunidade que usufrui daqueles produtos comercializados. 

Forte abraço a todos










quinta-feira, 7 de março de 2013

Eu creio na Democracia


Não existe "meia Democracia" ou então "Democracia por conveniência".
A verdadeira Democracia deve ser como um credo, uma fé inabalável que é praticada sem qualquer tipo de dúvida ou questionamento.
Ao contrário do que é pregado por algumas pessoas, Democracia não é a vontade da maioria, muito pelo contrário, trata-se da inclusão das minorias.
Infelizmente Sete Lagoas precisa dar um salto em seu processo Democrático.
Todos os Setelagoanos são excluidos de alguma forma. Seja pelo bairro onde mora, religião que profere, opção sexual, condição econômica ou por qualquer assunto banal.
Fico estarrecido ao ver a dificuldade e constrangimento que alguns amigos vereadores tem em lidar com o Projeto de Lei que trata do dia do orgulho gay.
Não quero entrar no mérito se o projeto deve ser aprovado ou não.
O grande questionamento que faço é sobre a maneira que o debate tem sido conduzido.
As mesmas pessoas que dizem "Não podemos aceitar este projeto, porque a biblía é contra", não são capazes de enxergar que são excluidas de alguns debates da seguinte forma "Lá vem a bancada evangélica com sua cabeça dura e inflexivel".
É preciso que ocorra um choque Democracia em nossa cidade.
Todos precisam ter seu espaço reconhecido e respeitado.
SIM, existe uma comunidade GLSBT em Sete Lagoas. O poder público a reconhece? Esse é o grande debate que deve ser feito.
SIM, existe uma comunidade Evangélica em Sete Lagoas. O poder público a reconhece?
Esse é outro debate a ser feito.
O grande desafio que falta em Sete Lagoas é que os grupos que aqui existem e convivem querem ser reconhecidos, porém não conseguem reconhecer o outro.
Termino aqui essa pequena reflexão sem tomar qualquer partido ou defender qualquer lado.
Meu único desejo é que eu possa um dia criar meus filhos em uma cidade que não os exclua por sua origem e escolhas.
Bom dia Setelagoanos.